segunda-feira, 23 de agosto de 2021

O vulcão da insensatez humana

Dando uma volta pela cidade do Rio de Janeiro, numa tarde de domingo, descendo a Av. Niemeyer na direção de São Conrado, entre a agitação das massas populares do Vidigal e rescaldos da ciclovia esfarrapada pelas águas (que intrépidos ciclistas, ainda assim, não deixam de usar), vejo ao longe, onde sempre esteve soberba a Pedra da Gávea, uma novidade na paisagem! 


Fogo na Pedra da Gávea - foto Guina Araújo Ramos, 22/08/2021
 

Serão nuvens passageiras?

Ou terá a montanha rasgado as vestes e se transformado (ressentida talvez com a cultura dominante local) em um vulcão geologicamente tardio?

No que me aproximo e percebo melhor as formas, tais arrepios urbanos se tornam precisos: é “simplesmente” um incêndio na mata rala da encosta da Pedra da Gávea, na vegetação ressecada de uma das montanhas mais turísticas do Rio de Janeiro.

Certamente, não uma questão apenas local: o Brasil politicamente pandêmico está todo pegando fogo, tanto metafórica quanto literalmente.

Parece evidente, e os cientistas já cansam de avisar, que, se não nos atentarmos rapidamente para este atentado ao país, e se não agirmos tão rápido assim para conter a insensatez deste incêndio, toda esta nossa insana agressão ao meio ambiente (que é de todo mundo, do mundo todo) logo se transformará na construção do mais destruidor vulcão que a Terra verá, até porque, como um verão eterno, consumirá a Terra, ao menos no que nos sustenta a vida.

Atados à nossa insensata fé em negócios rasteiros, nós, humanos, continuamos a atear o fogo desta progressiva erupção, cuja destruição final nem todos veremos, nem por muito tempo, enquanto a Terra, tórrida, seguirá sem nós...

Adendo radicalmente propositivo:

O desastre se aproxima, enquanto a orgulhosa orquestra capitalista continua engambelando os passageiros da Terra... Até crescem as discussões sobre a anunciada catástrofe ambiental, e é uma pena que a destruição que produzimos avance muito mais rapidamente...

Como evitar, para ficar na alusão, o duro choque com o iceberg?... Ou, talvez em imagem mais própria, a nossa queda no inferno?...

Sei não. Mas, tendo como referência o momentoso exemplo histórico, talvez seja necessário que surja no mundo um Talibã Ecológico...

Um movimento que, radicalizando a proteção ao meio ambiente, e abarcando todo o território terrestre, vença rapidamente esta luta inglória, e de tal forma que a gente se livre de vez dos que, há décadas, há séculos, destroem o nosso país e o mundo.

Uma organização que imponha a defesa do meio ambiente, e do varejo ao atacado. Desde, por exemplo, declarar inafiançável o crime da soltura de balões e preservar os espelhos de água e as suas fontes até organizar (talvez encerrar...), por completo e de supetão, aqui e no mundo, do garimpo ao agronegócio, entre outros males destruidores da Amazônia e de outras florestas.

Que a consciência nos leve à ação objetiva e salvadora!

Do jeito que está é que não vai ficar: só vai piorar...