domingo, 25 de abril de 2021

A Mulher Esguia das Montanhas do Rio

Dos melhores dias para fotografar o Rio de Janeiro (e muitos outros lugares do Centro-Sul do Brasil) é um desses em que, passada a frente fria, o céu se apresenta totalmente azul, sem sequer uma nuvem (e não que não sejam fotogênicas), com a luz e a temperatura muito equilibradas do correr do outono subtropical (e tudo isto vale para a primavera também).

Num dia assim, excursionei à Zona Norte da cidade, pensando pegar de jeito o perfil das montanhas do Rio, uma maravilha geográfica há tempos registrada (mas, apenas do ponto de vista do mar) em desenhos, fotos e vídeos.

Sabia que faltava (pelo menos, eu não conheço) uma foto com este outro olhar. Tendo a companheira como motorista, comecei por um viaduto da BR-040, em Caxias, de muitas interferências, mas daí percebi que as melhores opções estavam na Linha Vermelha. Viemos por ela em direção ao Rio, em marcha lenta, eu debruçado na janela do carro, até, no trecho que atravessa a Baía da Guanabara, poder fazer algumas fotos, de que escolhi e editei a melhor.

E aí, a grande novidade: não se trata apenas de outro ponto de vista, é também perfil de outro gênero: A Mulher Esguia das Montanhas do Rio.

Perfil das montanhas do Rio, visto do Norte - foto: Guina Araújo Ramos, 2012

A identificação de cada um dos pontos destacados deste relevo não é tarefa fácil para quem não é do ramo, mas fiz uma tentativa, que apresento abaixo, agradecendo correções e complementações.

Montanhas do Rio, identificação - foto: Guina Araújo Ramos, 2012
 

Há muito tempo sabia da existência de desenhos e gravuras que registravam, desde o século XIX, o Gigante de Pedra (ou Deitado, ou Adormecido), como bem relata o vídeo do historiador Cau Barata, formado pelo perfil das montanhas do Rio de Janeiro (aqui, em fotogramas do seu vídeo). 

No entanto, é visto sempre do ponto de vista do mar, resultado da surpresa dos viajantes de então. E eu mesmo fiz algumas fotos a partir deste ponto de vista, em antigas navegações jornalísticas, fotos que, infelizmente, perdi para arquivos de empresas jornalísticas, hoje em dia falidas, em que trabalhei nos anos 1970 a 1990.


Devo dizer que foi muito especial registrar este novo perfil do Rio. Uma imagem que para mim é inspiradora: serviu de base para o conto "Um Olhar Amoroso", publicado em duas versões do livro "Rio (só) de Amores", assim como ilustrou o conto no respectivo blog. 

Que a Mulher Esguia continue inspirando os cariocas e demais apaixonados pela cidade do Rio de Janeiro!