Óculos numa ótica - Foto: Guina Araújo Ramos, 2023 |
Óculos numa ótica - Foto: Guina Araújo Ramos, 2023 |
Há poucos dias, o amigo amante de imagens Marcus Veras de Farias falou de sua interação fotográfica com um colibri impaciente, como, aliás, são todos... E eu lhe confessei minha frustração, nas visitas de um deles, com o resultado das fotos que tentei fazer.
Colibri paquera na janela - Foto: Guina Araújo Ramos, 2022 |
Beija-flor no galho - Foto: Guina Araújo Ramos, 2022 |
Eis que neste fim de semana ouço da minha companheira de observações: "veja quem está ali na grade da janela"... Ora, um passarinho. Eu, fiel às oportunidades, busquei a câmera e comecei a fotografar. Mas, logo percebi o bico insolente, confirmando se tratar do meu já acostumado colibri dos beijos em flor.
Colibri em close - Foto: Guina Araújo Ramos, 2022 |
E o tempo todo o colibri calmo, assim como,
digamos, um beija-flor quando não voa nem beija flores. Beija-flor na vertical - Foto: Guina Araújo Ramos, 2022
Certamente estava me
fazendo, na linguagem de penas e bico, um irônico desafio: entendi que de
repente voaria e flutuando beijaria flores, e queria ver se eu faria uma foto
decente, duvidava mesmo!
Beija-flor beija flor - Foto: Guina Araújo Ramos, 2022 |
Tudo bem, certas perdas, ainda que perdas, podem ser prazerosas, se não são para sempre, acho... Colibri ou beija-flor, ele ou ela (nem pela palavra sei o gênero), que me espere: aguardarei, câmera em punho, a sua volta. Se o namoro começou, vale mais o arrepio do encontro do que o desejado resultado ideal.
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Reconsideração cabível: talvez, afinal, não queira nada comigo, não seja namoro de compromisso, devendo ter (como eu também) outro relacionamento.
Desconfio agora que queira apenas me estimular a que lhe faça uma bela foto (ah, vaidade!), mesmo que jamais a veja, daquelas de que se orgulhará. E de que eu, na parede ou nas redes, também...
Dando uma volta pela cidade do Rio de Janeiro, numa tarde de domingo, descendo a Av. Niemeyer na direção de São Conrado, entre a agitação das massas populares do Vidigal e rescaldos da ciclovia esfarrapada pelas águas (que intrépidos ciclistas, ainda assim, não deixam de usar), vejo ao longe, onde sempre esteve soberba a Pedra da Gávea, uma novidade na paisagem!
Fogo na Pedra da Gávea - foto Guina Araújo Ramos, 22/08/2021 |
Serão nuvens passageiras?
Ou terá a montanha rasgado as vestes e se transformado (ressentida talvez com a cultura dominante local) em um vulcão geologicamente tardio?
No que me aproximo e percebo melhor as formas, tais arrepios urbanos se tornam precisos: é “simplesmente” um incêndio na mata rala da encosta da Pedra da Gávea, na vegetação ressecada de uma das montanhas mais turísticas do Rio de Janeiro.
Certamente, não uma questão apenas local: o Brasil politicamente pandêmico está todo pegando fogo, tanto metafórica quanto literalmente.
Parece evidente, e os cientistas já cansam de avisar, que, se não nos atentarmos rapidamente para este atentado ao país, e se não agirmos tão rápido assim para conter a insensatez deste incêndio, toda esta nossa insana agressão ao meio ambiente (que é de todo mundo, do mundo todo) logo se transformará na construção do mais destruidor vulcão que a Terra verá, até porque, como um verão eterno, consumirá a Terra, ao menos no que nos sustenta a vida.
Atados à nossa insensata fé em negócios rasteiros, nós, humanos, continuamos a atear o fogo desta progressiva erupção, cuja destruição final nem todos veremos, nem por muito tempo, enquanto a Terra, tórrida, seguirá sem nós...
Adendo radicalmente propositivo:
O desastre se aproxima, enquanto a orgulhosa orquestra capitalista continua engambelando os passageiros da Terra... Até crescem as discussões sobre a anunciada catástrofe ambiental, e é uma pena que a destruição que produzimos avance muito mais rapidamente...
Como evitar, para ficar na alusão, o duro choque com o iceberg?... Ou, talvez em imagem mais própria, a nossa queda no inferno?...
Sei não. Mas, tendo como referência o momentoso exemplo histórico, talvez seja necessário que surja no mundo um Talibã Ecológico...
Um movimento que, radicalizando a proteção ao meio ambiente, e abarcando todo o território terrestre, vença rapidamente esta luta inglória, e de tal forma que a gente se livre de vez dos que, há décadas, há séculos, destroem o nosso país e o mundo.
Uma organização que imponha a defesa do meio ambiente, e do varejo ao atacado. Desde, por exemplo, declarar inafiançável o crime da soltura de balões e preservar os espelhos de água e as suas fontes até organizar (talvez encerrar...), por completo e de supetão, aqui e no mundo, do garimpo ao agronegócio, entre outros males destruidores da Amazônia e de outras florestas.
Que a consciência nos leve à ação objetiva e salvadora!
Do jeito que está é que não vai ficar: só vai piorar...